“No Brasil, a prevalência de excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. Projeções indicam que em 2030 pode chegar a 68%”. As duas primeiras frases do estudo A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS – realizado por pesquisadores brasileiros e chilenos, e publicado na internet – apontam para um futuro sombrio, reservado a um grupo de indivíduos: os obesos.
O levantamento prevê que nos próximos oito anos, o excesso de peso pode atingir sete em cada dez pessoas, já a obesidade, uma a cada quatro. Um dado alarmante diz respeito às consequências do acúmulo excessivo de gordura corporal, pelo fato delas estarem associadas ao aumento no risco de mais de 30 Doenças Crônicas não Transmissíveis, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, hipertensão e acidente vascular cerebral. Sabe o que isso representa? Um dos maiores desafios que os gestores, especialmente do Sistema Único de Saúde, terão que enfrentar.
A luz no fim do túnel pode estar na compreensão dos mecanismos que levam ao sobrepeso e à obesidade. Os pesquisadores consideram que o entendimento comportamental epidemiológico dessas doenças pode conduzir às ações mais assertivas no cuidado da saúde coletiva, se comparadas ao tradicional foco das escolhas individuais. A partir dessa visão, as políticas públicas podem mirar no combate ao excesso de peso como um fenômeno populacional. Uma delas, sugerida no estudo, está direcionada à redução do consumo e maior controle de comercialização dos alimentos ultraprocessados, um dos maiores vilões da saúde.
A prevenção da obesidade é uma medida que faz bem à saúde do brasileiro e da economia do Brasil. Em 2019, ainda de acordo com os dados do estudo, o governo gastou com as DCNTs R$ 6,8 bilhões. Desse total, os pesquisadores estimam que 22% foram destinados aos casos de excesso de peso e obesidade, que resultaram em 128,71 mil mortes, 495,99 mil hospitalizações e 31,72 milhões procedimentos ambulatoriais realizados pelo SUS.
O Dia Mundial da Obesidade, comemorado em 4 de março, foi concebido para incentivar as práticas saudáveis e de prevenção à doença. No âmbito das medidas individuais, é fundamental manter o controle do peso e buscar ajuda médica para fazer o tratamento adequado. Na esfera das políticas públicas, a data é uma boa oportunidade para pensar em mudanças visando restringir a comercialização e divulgação de alimentos e bebidas com alto teor de açúcar e gorduras, criar espaços para as atividades físicas ao ar livre e promover eventos educativos para todas as idades.